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22/03/2017

[Neste dia] Iron Maiden: 35 anos de The Number of The Beast

Passadas que estão três décadas e meia sobre um dos mais icónicos trabalhos da New Wave Of British Heavy Metal, é interessante relembrar o espírito e o contexto conservador que se vivia um pouco por toda a Europa bem como nos Estados Unidos, aquando do lançamento do terceiro álbum dos IRON MAIDEN:

Lançado a 22 de Março de 1982, "The Number of The Beast" veio mexer e abanar com todas as estruturas do rock e do hard n' heavy da época, não só com a espectacular capa, mas também com toda a revolução musical e lírica que encerrava.

Tudo acabava por ser ser chocante no disco, especialmente a faixa título.


Para quem conhece minimamente a banda e não será necessário ser aqui o fã mais atento, sabe que a banda não usou este disco para exaltar qualquer tipo de adoração a Satanás ou a quaisquer forças demoníacas. 
A música que dá nome ao disco foi inspirada no filme "A Profecia II" e na obra "Tam o'Shanter". Aliás, quase todo o disco tem inspiração em outros trabalho artísticos, sejam peças literárias, longa-metragens, ou mesmo incursões pela história das antigas civilizações.


Fortemente aclamado desde o seu lançamento este trabalho de Iron Maiden trazia ainda a novidade do estreante Bruce Dickinson nas vozes, algo que transformou e catapultou definitivamente Maiden para patamares mundiais. 


Era como se Jethro Tull, Sex Pistols, Deep Purple e Thin Lizzy se juntassem para criar um produto único e original

Contudo, aos olhos do mundo, "The Number Of The Beast" deixa a ideia que Maiden seria formado por músicos satânicos e que professavam o culto de adoração a Satanás. 

Toda esta auréola gerou uma revolta em segmentos mais conservadores da sociedade - em especial, de grupos religiosos nos Estados Unidos.


Porém, ironia ou não, premeditado ou não, eram justamente os Estados Unidos que estavam na mira de Steve Harris. Com o mercado europeu minimamente conquistado a abertura de novas portas passavam sem dúvida pelos EUA, o principal mercado consumidor fonográfico do mundo. 
O primeiro passo teve como meta agendar mais de uma centena de datas em terras americanas para promoção da "Beast On The Road Tour", grande parte dessas datas como banda de abertura de nomes como Judas Priest, Scorpions ou Rainbow.



O clima de hostilidade das forças mais conservadoras da sociedade americana exaltou os ânimos e fez com que activistas religiosos queimassem e partissem discos da banda em público, fizessem protestos e manifestações à entrada dos locais onde a banda tocava e, por vezes aparecessem a carregar uma cruz de 7,5 metros enquanto pediam boicote aos aos espectáculos que envolvessem os Maiden.

Houve igualmente várias mobilizações para que fossem colocados selos nas capas dos discos a alertar para o "conteúdo subversivo" - uma espécie de pré-PRMC.



Não se sabe se tudo isto foi premeditado e assente numa estratégia comercial ou se toda a reacção foi uma surpresa para a banda. O que é evidente é que toda esta polémica fez com que a popularidade disparasse exponencialmente, levando muitos adolescentes numa demanda de descobrir algo que subliminarmente pudesse estar escondido nas capas dos discos e letras das músicas.

35 anos de um disco que acabou por mudar e influenciar todo o Rock pesado mundial.


Texto: Luis Santos Batista

Deixamos-vos aqui as versões ao vivo em Portugal em 2013 destes clássicos, cuja report podem relembrar aqui:






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